Pessoas...
São as criaturas mais estranhas que existem.
As mais tristes...
E ainda assim, são amadas.
Yuuko Ichihara
Honestamente, eu acho que seria feliz se pudesse viver dentro de casa, sem contato com o "mundo exterior".
As pessoas me sufocam.
Eu sempre me senti inferior quando era criança. Eu tenho marcas em meu corpo até hoje.
Não são exatamente físicas (ou será que são?), mas o que importa isso mesmo?
É importante não se esquecer do passado. Ele trás sempre alguma chance para seu presente e esperanças para o futuro.
Experiência?
Acho que já vivi mais que meus 20 anos. Na verdade bem mais. E não é por eu ler freneticamente, nem nenhum de meus hobbies estranhos e estudos de religiões... Ser ocultista ajuda, mas sempre serei incompleta enquanto não puder ser eu.
É, não tenho sido parte de mim tem muito tempo. Não sei onde me perdi. Procurei por alguma luz, mas só me perdi mais ainda. É inútil você brigar contra um mar revolto e impassível.
Eu desisti de ser uma capitã. É mais cômodo viver como um simples cozinheiro de navio, que mesmo nas tormentas, ele nada tem a se preocupar(além de sua própria vida) afinal não está ali para nada além de alimentar os outros.
Cozinheiros são importantes, mas... Inúteis. Não tente compreender olhando simplesmente o português. Olha nas entrelinhas, essa semana eu me parei repetindo diversas vezes que o diabo mora nos detalhes.
É... Eu sou um cozinheiro que não se atreve a ir ao convés na tormenta. E daí? Há algum problema em ser covarde depois de tanto lutar?
Cozinheiros é que são sábios. Eles sabem que só irão atrapalhar se subirem. é melhor eles cuidarem dos suprimentos, ver se está tudo em ordem. Quando a tempestade passar, os homens do convés terão fome.
É uma bonita metáfora. Bonita demais...
Continuo acreditando na simplicidade. Ah, como as coisas são simples! E por isso mesmo são tão complicadas... Humanos não me atraem. São incríveis demais. E nem se dão conta disso. Matam-se sem motivo... São cansativos e completamente destrutivos.
Como capitã, fui bem. Naveguei bravamente pelos sete mares, achei a Atlântida perdida e ilhas repletas de ouro escondido. Mas existe um limite para todos, e eu não sou exceção. Estou muito cansada. Cansada demais para alguém com só vinte anos nesta encarnação.
Eu acho a cozinha um bom lugar. A alquimia nasce lá. É... Não existe o céu... É incompleto.
Mas fazer o que? Não posso ultrapassar a barreira do livre arbítrio. Mesmo com todo poder de transformação, um bom cozinheiro jamais envenena aquele cujo que lhe dá o pão.
Pessoas sufocam os capitães da vida. A responsabilidade em seus ombros é o mesmo peso que Atlas carrega.
Cozinheiros são tristes por não ver os céus e se esconderem nas tempestades... Mas também são amados.
Capitães estão sempre olhando adiante e através... Parecem inalcançáveis e extremamente fortes, mas também são criaturas tristes, sempre buscando seu porto. E na densa escuridão, uma luz.
No final das contas... São todos iguais.
Tristes criaturas e amados.