Eu conheço um tipo de amor, desde muito tempo
Um amor chamado abnegação.
Um amor onde meu ego é recolhido ao quase zero
E onde meus sentimentos fluem por vias da paciência.
É o amor mais doloroso que pode haver.
Ao negar o meu eu, ao me curvar ante ao pedido do outro, como se fossem súplicas...
Dói muito.
Quase uma vida toda dedicada a este amor e hoje eu sei que por mais que eu tente, é impossível fazer com que coisas dolorosas parem de vir até mim. Mentiras que a pessoa amada vive, pensando serem verdades, ódios radiando de seu peito sem que esta se aperceba... Tudo tão perfeitamente construído, uma lavagem cerebral que nada pode modificar...
E eu continuo a amar.
Me privam de minha fé, mas minha compaixão é maior.
Está tudo tão errado e eu continuo sobrevivendo em meio ao meu caos.
Não tenho a menor esperança de que algo mude. Nem palavras nem atitudes importam muito àquele que é cego em suas determinações.
Crescer e viver desta forma é um desafio diário.
Dói muito.
E quantas vezes eu quase desisti? E quantas vezes eu morri? Até chegar ao ponto onde nada fazia sentido, ao ponto de quase me convencer que quem na verdade estava errada era eu... Até onde eu caí.. E pela força dos ancestrais, dos deuses e minha própria força, sobrevivi.
Estou quase no mesmo lugar, nada de avançar e meu amor de abnegação continua forte e atuante, mesmo agora.
Há muita raiva sim. Mas já passei do ponto do ódio. Só há uma profunda tristeza constante e inextinguível, por mais que o amor verdadeiro esteja ao meu redor me acalentando.
Eu conheço esse tipo de amor, como conheci muitos outros, mas esse... Esse é do laço infinito de sangue, esse amor é impossível de combater. Esse amor é o que tem me provado ser alguém muito mais forte do que eu penso ser quando me olho no espelho.
Na dor encontro forças pra seguir sendo o que eu sou, mesmo que em pedaços, mesmo que nas sombras...
Um dia ei de ser luz, distante deste amor de escuridão e abnegação.