É sempre um período complicado pra mim. Será que
é tão clichê dizer isso? Na real, eu não me incomodo. Penso que talvez...
Talvez todos que digam isso realmente devam sentir algo, ao menos parecido com
o que eu sinto. É um vazio. Talvez pelos rostos sorridentes. Talvez pela
latente solidão. Talvez seja pela falta de algo, mesmo que pouco com que
deveria ser comum a todos. "ou então felicidade é brinquedo que não
tem" era uma parte de uma letra natalina que algum provável
"pobre."
Existem diversas solidões natalinas. A dos
miseráveis, a dos pobres, a dos ricos, a dos prisioneiros, a dos doentes, a dos
solitários. Cada uma com sua singularidade, mas todas com algo em comum. Esse sentimento
de vazio, inexplicável. É claro que outros aspectos o podem ser, dependendo de
cada uma delas. Pode ser medo, pode ser fome, pode ser falsidade, pode ser dor,
pode ser simplesmente vazio e só. E pode ser muitas delas unidas.
Conheço a solidão de muitas formas, mas acredito
que a solidão natalina seja algo muito maior que uma simples solidão. É algo
que te explora no mais amplo sentido da humanidade. Muitas vezes pode entrar em
jogo a sua dignidade, o seu orgulho. O que é o natal? Não deveria ser a festa
em razão do nascimento de um "menino-deus" que só fez falar sobre
amor, respeito e humildade? Mas não vejo dessa forma. É assustador o quão
comercial esta data ficou. a ponto de passarelas se congestionarem de gente.
Essa é a solidão das metrópoles. Essas cidades que gritam por socorro. Elas
também são solitárias... E miseráveis.
Não me sinto triste. Não esse ano. Houve momentos
imensamente piores que sobrevivi. É. Não vejo palavra melhor. Quem salva-se do
desespero dessa noite só pode ser sobrevivente dessa "guerra santa" e
gananciosa de gente grande e poderosa.
Amém.