Omesmo, apenas.

Eu ainda odeio dezembro. Assim como eu não falo com quem não conheço. Assim como escuto as mesmas músicas de sempre. 

Eu ainda detesto tudo que seja chamativo demais. Assim como eu amo gatos. Assim como eu prefiro comer o que engorda ao invés do que é saudável. 

Eu ainda sou as cores purpura e cinza.

Mas eu também sou vermelho e branco.

Mas eu também sei sorrir.

Eu vou adiante, mesmo se ninguém me seguir. Eu já não sinto mais necessidade dessa tristeza.

Eu ainda sou melancólica. Assim como não gosto de banhos curtos. Assim como teimo com meu cabelo.

Mas eu sinto o mesmo.
Mas estou aqui.

Eu ainda estou aqui.

"...I will still remember

When you've long forgotten me..."

Evanescence - Made of Stone

Aleatório, apenas.

Eu cruzei os mares

Sempre esperando o vento soprar na direção que eu queria

Mesmo sendo como um peixe, ainda não compreendo.

As tormentas que se passam...

E eu sinto Zéfiro ao meu lado, não está zangado, é rei.

Mas eu sinto... Ele sussurra que o que eu procuro, eu não encontrarei.

Eu ainda desejo, mesmo assim...

Que algum dia, um dia qualquer, os ventos soprem aonde eu diga meu sim.

~

E aqueles pássaros que voaram perto de mim, e eu que quase os chutei...

Relembro da alvorada vermelha amarelada, intrigante visão da natureza.

Eles saudavam o dia que vinha e eu apressado que ia, quase os chutei...

Eles buscavam coisas há muito perdidas, e eu quase os chutei...

Andorinhas, pombas e urubus-rei...  Eu quase os chutei.

Relembro-me deste nascer, quente e úmido, sem brisa e somente lume

Eles iam bicando e passeando, tão redondos... E eu quase os chutei.

Assim eu fui passando, os passos apressando e não reparei que no fim

Eu quase os chutando, mas eles fizeram passarinho de mim. 

Parabéns, apenas.

Sabe, sua falsidade é tão escrachada que dá até vergonha.
Arrependo-me de ter lhe dirigido a palavra da última vez.
Não vale gastar tempo com alguém de seu nível.
Tu es tão podre, por vezes até mesmo perverso, mas eu me omiti, pois eu sei que sua verdadeira face e suas mentiras arruinariam a sua vidinha dita correta que na verdade é hipócrita.
Mas bem, eu sei.
Sou superior a isso.
Não, eu não te odeio. Tenho é nojo e pena de ti. Por isso,
Felicidades.

Algo, apenas.

Algo me distrai. Aquela sensação única do gelo percorrendo o corpo. Os músculos contraem e dói. Mas veja, as coisas não são tão ruins assim.
E algo me distrai. Não são as tenções que me desanimam, é a ignorância que acaba comigo. A minha falta de fé e ingenuidade. Mas algo me distrai.
Um algo de profundo e raso ao mesmo modo, algo que eu tenho com muito caso, algo que prendo a mim como salvação. Algo este que me distrai. Me afasta de qualquer confusão, me afasta de mim. Este algo que me dá as coisas que me faltam. Algo que eu não pratico mais tanto assim.
Mas este algo agora me distrai. E no momento, tudo que tenho. Eu sinto que esse meu algo precioso faz  as vezes algo que não deveria, algo que eu não queria. Toma rédeas e voa sem minha permissão, mas o que eu poderia fazer? Esse algo que me distrai é livre, embora com forma definida.
Esse algo é minha escrita.

Despedida, apenas.

Eu não te conheço mais
Embora desconheça se um dia realmente a conheci.
Embora acredite que você desacreditaria
Eu adoraria te conhecer.
Talvez novamente. Talvez pela primeira vez, não ligaria se assim o fosse.
Eu não sei onde errei, eu não sei o que eu fiz
E acredito que tu não vai me dizer.
Não tem problema, não faz mal.
Eu não acredito mais que encontrarei meu tão amado farol.

Mas eu acreditarei na sua luz, sempre.

De longe, de longe...

Adeus.

Acreditarei, apenas.

Eu acreditarei no amor, até quando ele me faltar.
Eu acreditarei em mim, até mesmo quando eu me trair.
Eu acreditarei nas pessoas, até quando elas me magoarem.
Eu acreditarei e isso não me faz ser alguém bom... Ou ser alguém ruim.

Isso faz ser o que sou.
É algo simples, algo que eu sei ser
Algo verdadeiro.

Eu acreditarei firmemente nisso, até mesmo quando eu não acreditar em mais nada disso.

Flor, apenas.

Uma flor negra abre-se branca. 

Não se compreende os reais motivos de tamanha mudança. 

Somente a flor sabe que entre o negro e o branco existem muitas semelhanças. 

Porém, as distinções existem, a flor compreende. 

São grandes e pequenas, depende de onde e de quem as vê ou as sente. 

Somente a flor sabe que entre o grande e o pequeno... Existe o próprio ser. 

Não se engana fácil o predador. 

Não pode esconder eternamente seus odores. 

Porém a flor sabe, ela pertence a alguém. 

Ela nasceu em um laboratório secreto, pelas bandas da escuridão. 

E iluminar com a alvura de seu tom branco-gelo é deveras espantoso. 

Somente a flor sabe naquele lugar ermo que sempre há uma luz, mesmo na mais densa escuridão. 

Aquela flor que desabrochou somente por amor ao seu criador. 

Somente ela... Somente Ela sabe.

ErradoOntem,CertoAmanhã, apenas.

Pergunto-me de tempos em tempos: onde erramos com as pessoas erradas?

Pergunto-me também: onde acertamos com as pessoas certas?

E sabem... Chego a conclusão de que não há nenhuma diferença. Apenas tenta-se ser fiel a si, da melhor maneira possível, porém nem sempre essa é a melhor maneira de fazer as coisas. Ser fiel a si e se machucar é tolice. Ser fiel a si e machucar a outros é pior ainda.

Olho essas pessoas erradas, as correlativas conjuntas me dizem o quão estava certa em ser errada também. Não, não deve fazer nenhum sentido... Hoje eu sei que basta fazê-lo para mim.

Olho a pessoa certa, sem interferência alguma externa e isso me diz o quão errada sou em insistir na falta de acertos das coisas que não são tolas e penso que elas o são.  Sim, isso deve ter tido algum sentido, mesmo que parco, um sentido... Hoje eu sei que mesmo que eu escreva asneira, serei interpretada de alguma maneira.

Escrever sobre o ontem e o amanhã me parece tão incerto, faltam dados, não existem mais as fontes de outrora, nem as quero mais, e as de amanhã estão parcas em minhas mãos, tentando certa exatidão de sua existência de ser o que é. Tentando eternizar-se em seu infinito. Esse sim, não é um diminutivo.

Perdoem, perdoem... Minha alta falta de coesão. 

Limiar, apenas.

Esperar pelos movimentos que agem em um sonho bom
a brisa que toca tudo e transformam pedras em flores
o destino não é inexorável
é palpável...

e se sentir que não é possível
apalpe em sonhos o impossível
deixe que este mundo previsível
se esconda em teu céu infinito

e veja, como as coisas são engraçadas
uma realidade sonhada
a tanto desejada
tornar-se viva e dançar!

E pula fogueiras
e tomam-se os chapéus
os bosques não vão ver nunca tão bela criatura
quanto à sonhada nos sonhos meus

nos teus, nos nossos
os nossos, os vossos
nos dos anjos e nos dos demônios e nos do que os humanos chegaram mais próximos disso.
nos trajes de um mundo que é real. Ou não...

Fuga, apenas.

Essa é a minha fuga

Eu vou pegar as toneladas de papéis que rodeiam o meu mundo
Empanturrar-me de saber até endoidar
Só pra fugir, fugir...

Eu vou levantar e ouvir todas as músicas que qualquer um ouviu
Dançar até me acabar
Só pra fugir, fugir...

Eu vou jogar os milhões de jogos que acumulei em minha juventude
Forçar os dedos até sangrar
Só pra fugir, fugir...

Eu vou tocar bateria noite adentro, sem me importar com vizinhos
Treinar até meus braços e pernas não mais agüentar
Só pra fugir, fugir...

Eu vou escrever textos como esse, mesmo que ninguém os leia
Rabiscar até não ter mais nada a falar
Só pra fugir, fugir...

Eu vou conversar com espelhos, treinando palavras que nunca direi
Gritar até muda ficar
Só pra fugir, fugir...

Então...
Eu vou me calar quando tudo isso findar
Pois essa é minha fuga.