Mas o corpo é algo estranho.
Me pego virando o rosto pro lado de vez enquanto, olhos fixos no chão
Procurando por algo que eu sei que não está mais aqui.
Quando abro o portão e instintivamente olho pra cima da escada que dá pra laje...
Quando qualquer coisa de uns 15 cm ou mais se aloja em qualquer lugar de casa fazendo sombra...
Quando saio olhando pro chão de noite pra fazer xixi...
Isso não foi embora.
Isso ainda está muito perto de mim, o tempo todo.
Não é algo triste a minha perda. É algo revoltante.
O que eu poderia ter feito, o que eu poderia ter sido para ele se tivesse dinheiro.
Meu loirinho lindo, tão medroso.
Aquela tristeza dos últimos dias, aquele desespero dos últimos dias...
Aqueles olhinhos que me diziam que acabou.
Quando estouramos uma sacola não há mais sustos, quando as compras chegam, não há mais curiosidade...
Mas o corpo é algo estranho.
Há exatamente agora, uma bola de pelo na minha garganta.
Adeus, Caju.
"...esse ron-ron em seu peito
não é doença - é carinho..."
Ron Ron do Gato – Adriana Calcanhoto
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