2 de novembro de 2011

EmArion, apenas.



Era acongegantemente quente e macio. E eu acordei. E minha cabeça doía. Estava numa cabana de praia, pequena e circular. E a cabana não tinha muitas coisas além da cama e alguns utensílios. Então eu lembrei.
Sou uma militante, mas me chamam de terrorista. Tentei impedir o genocídio de milhões de pessoas e a mudança drástica da biodiversidade marinha. Mas agora estava ali, fui resgatada por algum pescador enquanto estava desacordada, provavelmente. Mas... O que foi que aconteceu mesmo? Eu não me lembro de muita coisa, só que na cidade eu estava a cargo de pesquisar certa organização governamental ligada à saúde pública. Faziam experimentos dos mais diversos com cobaias humanas, e estávamos vivendo numa época deveras dura. Muita coisa estava errada, como se voltássemos no tempo. Houve alguma época em que as pessoas usavam as outras? Nunca me disseram isso, mas acho que é uma coisa óbvia. Neste mundo, aprendemos as coisas com a vida. E eu aprendi tudo o que sei sozinha. Minha roupa era negra, mas agora ficou prateada. Acho que levei um tiro de separador. Separador é uma arma que cria um vácuo ou “uma ventania” no alvo, jogando-o para longe ou o perfurando. Existem diversos tipos, na verdade. Eu descobri que iam levar a Flor Branca, uma criação deles para que o mar ficasse doce para o meio do oceano. Eu fui atrás, como era de minha jurisdição. Disseram-me que poderia morrer nesta missão, mas eu disse que o melhor era parar aqueles humanóides que se julgavam superiores a nós. E lá fui eu, persegui silenciosamente aquelas pessoas até o helicóptero (muito maior que os convencionais, era um helicóptero de guerra, completamente prata e preto, deveria caber facilmente umas 30 pessoas) na costa sudoeste de Arion. Quando ele alçava vôo, eu pulei para alcançá-lo, joguei um pouco de “Ivã”, modificando a estrutura do solo, para que eu pudesse pular mais alto. Alcancei sem esforço e... Esperei. Dez minutos depois, comecei a avançar e logo estava dentro do helicóptero. Estava só nesta e sabia que não seria fácil. Mas lá estava eu. E aqueles humanóides também, junto dos seus cães humanos e armas potentes. Eram sete e eu os matei. Porém, enquanto estava ocupado com os humanos, a maquina foi mais rápida. E ela estava com o braço estendido e na mão, a Flor Branca num solitário azul.  Ela disse: venha aqui. E eu fui. Com o separador numa mão e a flor em outra, aquela humanóide disse: é inútil, isso vai salvar seu planeta e você quer desfazê-la por simples capricho. E eu pensei desde quando eles conseguiam falar com tanta eloqüência. Provavelmente, desde que eles se tornaram nossos senhores mestres. E eu disse: antes destruído que governado por seres como você. E ela sorriu novamente dizendo: mas foram vocês que nos criaram. E atirou em mim. Eu saí do helicóptero voando, o vapor doía muito, mas não o suficiente para me desacordar. Enquanto caía no mar, o helicóptero seguia. Caí e só então... Apaguei.
Este mundo está completamente podre. O sol está ficando velho mais depressa que o normal, resultado das intervenções humanas para tentar fazer justamente o contrário. Penso que tudo que existe de errado, foram nós que cometemos errando e errando novamente, num ciclo vicioso. É como se a tentativa em si fosse uma droga. E a cada vez que tentamos, queremos construir algo maior em cima da tentativa anterior. Principalmente se as primeiras não dão certo. E agora o que nos resta é um mundo na penumbra. Vi imagens lindas, quando o Sol ainda iluminava perfeitamente. O mundo era luminoso, branco. Agora ele é um alaranjado. Eu não compreendo o motivo de tanta afixação pela vida. Minha cabeça dói. Mas então eu levanto de solavanco quando penso que talvez ela já tenha sido lançada ao mar. O chão estremece.  Eu saio correndo Cabana, é de frente ao mar, estranho e raro, nunca vi uma dessas. E de longe vem chegando não uma onda, mas uma cor. E a cor que se espalha é vermelha. Caio de joelhos e olho pasma incontáveis seres boiando no mar. Não consigo ter reação. E uma espuma esbranquiçada envolve esse fúnebre líquido. Então... Levanto-me e sigo mar adentro. Tem muitas pessoas e só as percebi agora. Elas gritam. E dizem ver sonhos. Olho para a água, ela é vermelha, mas pode-se ver através dela, se retirar a espuma. É doce, eles gritam. Então eu provo. É água doce... É água de morte. E então, eu vejo sonhos. Imagens refletidas na água. Provavelmente é algum alucinógeno que aquela maldita flor contém. E eu vejo... A queda daquela flor do helicóptero claramente.  Provavelmente uma alucinação criada por minha mente. Mas eu não consigo resistir a esta nostalgia, me causa nojo. A vida morta do mar vai calmamente tomando seu lugar no túmulo da areia na praia. Lá atrás do penhasco está Arion, com seus incríveis arranha-céus, redes de metrôs interligadas a elevadores e seus viadutos. A Cidade-Cinza, a cidade Sem-Fim, maldita a matriz do império Zero. E amargamente, eu acordo.

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